quinta-feira, 30 de julho de 2015

BRUNO: "AS DENÚNCIAS CONTRA EX PREFEITO DE CAMPINA PRECISAM SER INVESTIGADAS"


Deputados da bancada de oposição repercutiram na tribuna da Assembleia Legislativa, durante a sessão desta quarta-feira (29), a denúncia feita pelo o ex-diretor financeiro da Prefeitura Municipal de Campina Grande, Rennan Trajano, sobre um suposto esquema de corrupção nas campanhas eleitorais do então senador Vital do Rêgo Filho (PMDB), atual ministro do TCU, e do deputado federal, Veneziano Vital do Rêgo (PMDB).

Para o deputado Bruno Cunha Lima (PSDB), Campina Grande foi colocada num mar de desordem e de calamidade da coisa pública. Segundo ele, é inconcebível que o desvio de R$ 4 milhões seja considerado um pingo d’água em um oceano de irregularidades.

“Por isso, cumpro o papel enquanto campinense que sou de vir aqui e apelar às instituições para que as denúncias sejam devidamente investigadas. Sou o melhor nas relações humanas de amizade e de cordialidade, mas sou intransigente quanto da defesa da Paraíba e, sobretudo, de Campina Grande”, pontuou.

As denúncias começaram a ganhar campo quando da veiculação das declarações do ex diretor financeiro Rennan Trajano apontando sérias ilegalidades ocorridas na gestão do Prefeito Veneziano, incluindo o favorecimento de campanhas, tendo como principal beneficiado o Ministro Vital do Rego Filho, à época candidato ao senado. Pelo desenrolar das últimas notícias, a situação da Família Rego começa a ganhar destaque na mídia nacional e local.

(Fonte: Da Redação de João Pessoa/ParaibaOnline)

quarta-feira, 29 de julho de 2015

CLIMA ESQUENTA NA ASSEMBLEIA ENTRE DOIS DEPUTADOS DA BORBOREMA


Repercutiu na imprensa paraibana a querela existente entre dois deputados da região do Compartimento da Borborema: Manoel Ludgério e Doda de Tião. O deputado estadual Manoel Ludgério, do PSD, após ouvir o parlamentar Doda Tião afirmar que o governador Ricardo Coutinho não o quer mais na base governista, resolveu se pronunciar e ironizou o deputado Doda o chamando de ‘parlamentar mudo', 'sem expressão nem conteúdo que se possa apresentar com relevante em seu mandato'. “É uma satisfação ouvir a voz do ‘mudo’, deputado Doda de Tião, que durante esses cinco anos de um mandato improdutivo, não se ouviu uma iniciativa verbalizada por esse parlamentar”, destacou Ludgério.

Doda de Tião persiste no embate contra seu colega de legislatura deixando a impressão de que o clima frio do Agreste da Borborema não é páreo para os ânimos exaltados.

Em novo embate, hoje (29) na Assembleia Legislativa, os deputados Doda de Tião (PTB) e Manoel Ludgério (PSD), continuam se estranhando e distribuindo farpas. Tudo começou quando Manuel Ludgério insinuou que o governo do Estado estaria obstaculizando a liberação de verbas para a conclusão das obras de uma policlínica na cidade de Queimadas, pelo fato de Tião ser adversário político do prefeito do município, Jacó Maciel.

Em entrevista a Rádio Arapuã FM , Doda rebateu e taxou as afirmações de Ludgério de inverdades. Em um novo capítulo dessa briga, Doda afirmou que prefeito de Queimadas “é incompetente igual a Manuel Ludgério”.

“O prefeito de Queimadas é incompetente igual a Manuel Ludgério, que quando era secretário tinha nove quadras em Barra de Santana, onde o cunhado dele era prefeito. Ele liberou o dinheiro e as obras estão inacabadas, porque comeram uma parte da verba. O atual prefeito, que substituiu o cunhado dele, entrou com ação no Ministério Público, para averiguar essas irregularidades – afirmou.

(PbTropeiros)

domingo, 26 de julho de 2015

BRASILEIROS AINDA PREFEREM AS NOVELAS


Por Keila Jimenez

“A televisão matou a janela”. Concordo com Nelson Rodrigues. Mas também acredito que a televisão nos abriu portas. Portas para o entretenimento, a informação e a diversão. Há 15 anos olho por essas portas e mostro o que há dentro e fora delas. Foram dez anos no jornal O Estado de S. Paulo e quase cinco na Folha de S. Paulo escrevendo sobre TV aberta, TV paga, bastidores e as novas mídias que envolvem o mercado audiovisual. Assinei as colunas Sem Intervalo e Outro Canal. Trago essa mesma paixão e curiosidade pelo veículo para o blog KTV.

O Ibope Media acaba de lançar um infográfico que funciona como um espelho de um pouco do que é o consumo de TV no Brasil.

O estudo, que corresponde ao primeiro semestre deste ano, mostra que a  novela é ainda o conteúdo mais assistido no país, sendo a preferência de programação em regiões como : Belém (17,49%), Recife (14,41%), Vitória (15,06%), Florianópolis (15,33%) e no Distrito Federal (14,85%).

A turma de Belo Horizonte gosta é de  futebol . O gênero é o terceiro tipo de programação mais visto na região.

Pelo levantamento, o horário noturno continua concentrando o maior número de telespectadores em frente à TV, mas a audiência está indo dormir mais tarde. Na Grande São Paulo, o horário que arrebanha o maior número de pessoas com idades entre 25 a 34 anos é a faixa das 22h às 23 horas.

Em Fortaleza, o horário de maior audiência é a faixa das 21h às 22h.

No Rio de Janeiro, o público mais forte da TV tem idades entre 18 e 49 anos, com 42% de participação na audiência da região.

As pessoas com mais de 50 anos lideram a audiência diante do televisor na Grande Salvador, Grande Curitiba e em Campinas, Goiânia e Porto Alegre.

O Ibope afere audiência em 15 mercados regulares com peoplemeter e em parceria com a Kantar Media, também monitora 15 países da América Latina.

(Fonte: R7/ampliado pelo PbTropeiros)

quinta-feira, 23 de julho de 2015

VEREADOR SOLICITA OPERAÇÃO CHEKPOINT EM ÔNIBUS COLETIVOS


A Câmara Municipal de Campina Grande aprovou requerimento do vereador Josimar Henrique (PRB) cobrando mais ação da polícia militar no combate aos crimes cometidos no interior dos ônibus coletivos da cidade. Na propositura o parlamentar sugere a intensificação da operação "checkpoint" direcionada aos ônibus, elegendo os lugares estratégicos para as abordagens.

De acordo com Josimar Henrique, a violência e a criminalidade se tornou uma epidemia social, mas é no interior dos ônibus que a população se encontra com maior sensação de insegurança já que a qualquer momento podem acorrer crimes que vão de furtos a assaltos qualificados com sérias ameaças à vida dos usuários. "É dever do Estado prover a segurança necessária à garantira constitucional do direito de ir e vir sem ser molestado por meliantes", frisou.

O vereador acredita que com a presença da polícia através dessas intervenções nos ônibus coletivos a população se sentirá mais segura durante o trajeto podendo influir decisivamente na redução de assaltos.

(Fonte: Notícias de Gabinete) 

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Moro: anotações de Odebrecht são 'perturbadoras'


Juiz responsável pela Lava Jato dá prazo de dois dias para advogados da empreiteira esclarecerem mensagens encontradas em celular


O juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, classificou como "perturbador" trecho das anotações cifradas encontradas pela Polícia Federal no telefone de Marcelo Odebrecht. Por causa da "gravidade" dos apontamentos, Moro deu prazo de 48 horas para que os advogados do empreiteiro e também dos diretores Márcio Faria e Rogério Araújo prestem esclarecimentos sobre as mensagens.

"O trecho mais perturbador é a referência à utilização de 'dissidentes PF' junto com o trecho 'trabalhar para parar/anular' a investigação. Sem embargo do direito da defesa de questionar juridicamente a investigação ou a persecução penal, a menção a 'dissidentes PF' coloca uma sombra sobre o significado da anotação. Outras referências como a 'dossiê', 'blindar Tau' e 'expor grandes' são igualmente preocupantes", disse.

No despacho, Moro afirma que não há indícios de que as mensagens eram destinadas aos seus defensores e que, por isso, os advogados não podem questionar a violação de sigilo legal. "Não é crível ademais que ele orientasse seus advogados ou recebesse orientação de seus advogados nesse sentido. De todo modo, ainda que assim não fosse, o sigilo profissional também não acobertaria o emprego de estratagemas de defesa ilícitos, por exemplo a destruição de provas."

Relatório da Polícia Federal com base em mensagens extraídas do celular de Marcelo Bahia Odebrecht revelam o amplo leque de políticos com os quais ele tinha contato e seu esforço para utilizar siglas e mensagens codificadas para registrar ações. De acordo com o documento, Odebrecht lançou mão de uma estratégia de confrontar as investigações da Lava Jato que contaria com "policiais federais dissidentes", dupla postura perante a opinião pública, apoio estratégico de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ataques às apurações internas da Petrobras. A PF avalia que o objetivo do empreiteiro buscava criar "obstáculos" e "cortinas de fumaça" contra a operação.

(Fonte: Felipe Frazão e Carolina Farina, na íntegra)

sexta-feira, 17 de julho de 2015

NA CÂMARA: EDUARDO CUNHA AGORA É OPOSIÇÃO



O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-AL), confirmou o que tem sido noticiado durante a semana e anunciou, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (17), que a partir de hoje o governo Dilma Rousseff não vai mais contar com ele na base de sustentação no Congresso. Um dos políticos investigados na Operação Lava Jato, com acusação de recebimento de propina no esquema de corrupção da Petrobras, Cunha diz que o Executivo mantém “conluio” com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para fragilizá-lo em um momento de crise política que ameça o Planalto.


“Saiba que o presidente da Câmara agora é oposição ao governo”, sentenciou o peemedebista, adiantando que vai defender o rompimento formal do PMDB com o governo na convenção nacional do partido, em setembro. Na ocasião, Cunha disse ainda que ministérios ocupados pela legenda, como as pastas de Minas e Energia e da Agricultura, devem ser devolvidos ao Planalto.

Ontem (quinta, 16), Cunha disse ao Congresso em Foco que o depoimento do lobista Julio Camargo, um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, foi uma “mentira” proferida aos investigadores da Justiça Federal “a mando” de Janot. Na declaração a este site, o deputado negou ter pedido propina de US$ 5 milhões em um contrato de compra de navios-sonda da Petrobras, como relatou Camargo, em declaração feita sob regime de delação premiada. Em coletiva de imprensa na Câmara, ele voltou a acusar Camargo, a quem chamou de “pilantra”, e disse que não respeita delações sem provas.

Além da propina de US$ 5 milhões, outra denúncia foi lançada contra Cunha ontem. Também em depoimento sob delação premiada, desta vez prestado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato, registrou-se que um deputado ligado a Cunha e membro da CPI da Petrobras faz intimidação a Youssef e sua família para blindar o cacique peemedebista. “Como réu colaborador, quero deixar claro que estou sendo intimidado pela CPI da Petrobras por um deputado pau mandado do senhor Eduardo Cunha”, declarou Youssef (leia mais aqui).

“Lama”

Eduardo Cunha disse ter comunicado sua decisão ao vice-presidente da República e companheiro de partido, Michel Temer, e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigado na Lava Jato. Segundo Cunha, ambos respeitam seu posicionamento. Lideranças peemedebistas no Congresso têm evitado polemizar o assunto e se limitado a dizer que também respeitam a reação do deputado.

A decisão de Cunha remeteu à disputa pela Presidência da Câmara, no começo do ano, quando o Planalto tentou inviabilizar a vitória do peemedebista com o lançamento da candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Na ocasião, ministros de Dilma foram despachados para o Congresso para tentar convencer membros da base a votar no petista. O mobilização, em vão, serviu apenas para irritar Cunha e azedar ainda mais a relação com o Planalto.

“O governo sempre me viu como pedras no sapato. Não sei se é medo de mim, mas o governo não me queria, nunca me quis e não me quer no governo. O governo não me engole”, resumiu o deputado.

O Planalto se mantém em silêncio diante das movimentações relativas à Lava Jato. Por meio de nota divulgado ontem (quinta, 16), a PGR reagiu às declarações de Cunha sobre a suposta ingerência do órgão nas investigações e delações premiadas em curso. Para a PGR, “o depoimento prestado [...] por Júlio Camargo à Justiça Federal do Paraná não tem qualquer relação com as investigações (inquéritos) em trâmite no âmbito do Supremo Tribunal Federal”, referindo-se aos inquéritos contra figuras com foro privilegiado no STF, caso de Cunha.

(Fonte: Congresso em Foco)

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Deputado vê vício de inconstitucionalidade: “Governo tenta emplacar pedalada financeira”



Bruno lembrou que o Supremo Tribunal Federal se posicionou contrário a utilização de recursos depositados judicialmente ao se manifestar sobre Ação Direta de Inconstitucionalidade, originada na Procuradoria Geral da República.

O deputado Bruno Cunha Lima (PSDB) ameaçou ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei Complementar 07/2015, aprovada hoje na Assembleia Legislativa. “Leis semelhantes foram contestadas junto ao Supremo Tribunal Federal contra os estados do Rio de Janeiro e do Paraná e, se for preciso, a Paraíba também contestará essa pedalada financeira que o Governo deste Estado tenta emplacar com recursos de terceiros”, garantiu Bruno Cunha Lima.

O deputado ainda alertou que a Lei Complementar apresentada pelo governador Ricardo Coutinho embute um agravante: 50% dos recursos sacados dos depósitos judiciais não serão usados para pagar precatórios. “Em seu artigo 7º, a Lei Complementar estabelece que o Governo pode usar 50% dos recursos em parcerias público-privadas, infraestrutura e contrapartida de convênios”, lista Bruno Cunha Lima.

Ele chegou a apresentar emenda supressiva do artigo 7º da Lei Complementar, mas a bancada governista (maioria na AL) recusou.

Bruno lembrou que o Supremo Tribunal Federal se posicionou contrário a utilização de recursos depositados judicialmente ao se manifestar sobre Ação Direta de Inconstitucionalidade, originada na Procuradoria Geral da República.

“Em seu voto, a ministra Carmem Lúcia alerta que o Estado tem que pagar os precatórios com suas receitas e nunca se apropriando de recursos de terceiros, vedando portanto a utilização dos depósitos judiciais e extrajudiciais”, apontou o deputado, que acrescentou:

“Para o procurador geral da República, Rodrigo Janot, destinar recursos de terceiros, depositados em conta à disposição do Judiciário, à revelia deles, para pagamento de dívidas da Fazendo Pública Estadual com outras pessoas, constitui apropriação do patrimônio alheio”.

(Fonte: Blog do Gordinho - na íntegra)

quarta-feira, 15 de julho de 2015

A ESCASSEZ


É equivalente a dar oito voltas na Terra — ou a andar 344 mil quilômetros — a distância percorrida por pesquisadores durante 212 expedições ao longo e no entorno do Rio São Francisco, entre julho de 2008 e abril de 2012. O trabalho mapeia a flora do entorno do Velho Chico enquanto ocorrem as obras de transposição de suas águas, que deverão trazer profundas mudanças na paisagem. Mais do que fazer relatórios exigidos pelos órgãos ambientais que licenciam a obra, o professor José Alves Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, Pernambuco, reuniu cem especialistas e publicou o livro “Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação” (Andrea Jakobsson Estúdio). A obra foi lançada em Recife este mês.

Em 556 páginas e quase três quilos de textos, mapas e muitas fotos, a publicação é o mais completo retrato da Caatinga, único bioma exclusivo do Brasil e extremamente ameaçado. O título do primeiro dos 13 capítulos, assinado por Siqueira, é um alerta: “A extinção inexorável do Rio São Francisco”.

— Mostro os elementos de fauna e da flora que já foram perdidos. É como uma bicicleta sem corrente, como anda? E se ela estiver sem pneu? E se na roda estiver faltando um raio, e quando a quantidade de raios perdidos é tão grande que inviabiliza a bicicleta? Não sobrou nada no Rio São Francisco. Sinceramente, não sei o que vai acontecer comigo depois do livro, mas precisava dizer isso — desabafa o professor da Univasf. — Queremos que o livro sirva como um marco teórico para as próximas décadas. Vou provar daqui a dez anos o que está acontecendo.

Ao registrar o estado atual do Rio São Francisco, o pesquisador estabelece pontos de comparação para uma nova pesquisa, a ser feita no futuro, medindo os impactos dos usos do rio. Além do desvio das águas, há intenso uso para o abastecimento humano, agricultura, criação de animais, recreação, indústrias e muitos outros. Desaguam no Velho Chico milhares de litros de esgoto sem qualquer tratamento. Barramentos — sendo pelo menos cinco de grande porte em Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó — criam reservatórios para usinas hidrelétricas. Elas produzem 15% da energia brasileira, mas têm grande impacto. Alteraram o fluxo de peixes do rio e a qualidade das águas, acabaram com lagoas temporárias e deixaram debaixo d’água cidades ou povoados inteiros, como Remanso, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Sobradinho.

Com o fim da piracema, uma vez que os peixes não conseguiam mais subir o rio para se reproduzir, o declínio do número de cardumes e da variedade de espécies foi intenso. Entre as mais afetadas, as chamadas espécies migradoras, entre elas curimatá-pacu, curimatá-pioa, dourado, matrinxã, piau-verdadeiro, pirá e surubim.

Não foram as barragens as únicas culpadas pelo esgotamento de estoques pesqueiros do Velho Chico. Programas de incentivo da pesca, que não levaram em consideração a capacidade de recuperação dos cardumes, aceleraram a derrocada da atividade. Espécies exóticas, introduzidas no rio com o objetivo de aumentar sua produtividade, entre elas o bagre-africano, a carpa e o tucunaré, se tornaram verdadeiras pragas, sem oferecer lucro aos pescadores.

A região do São Francisco, que já foi considerado um dos rios mais abundantes em relação a pescado no país, precisa lidar com a importação em larga escala de peixes, sobretudo os amazônicos, para suprir o que não consegue mais fornecer. Uma das espécies mais comercializadas na Praça do Peixe, a 700 metros do rio, é o cachara (surubim) do Maranhão ou do Pará. Nos restaurantes instalados nas margens do Rio São Francisco, o cardápio oferece tilápias cultivadas ou tambaquis importados da Argentina.

A mudança provocada pelo homem tanto nas águas do Velho Chico quanto na vegetação que o circunda foi drástica e rápida. Tendo como base documentos históricos disponíveis, entre eles ilustrações de expedições de naturalistas importantes, como as do alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, é possível ver a exuberância do passado. Um desenho feito há 195 anos mostra os especialistas da época deslumbrados com árvores de grande porte, lagoas temporárias, pássaros em abundância. Ou seja, uma enorme biodiversidade, que hoje não existe mais.

Menos de dois séculos depois, restam apenas 4% da vegetação das margens do Rio São Francisco. Desprovidas de cobertura verde, elas sofrem mais com a erosão, que assoreia o rio em ritmo acelerado. Os solos apresentam altos índices de salinização e os açudes ficam com a água salobra. Aumentam as áreas de desertificação. O Velho Chico está praticamente inviável como como hidrovia. Espécies foram extintas e ecossistemas estão profundamente alterados.

Diante da expectativa da “extinção inexorável do Rio São Francisco”, o livro ressalta a importância de gerar conhecimento científico. Não apenas os pesquisadores precisam se debruçar mais sobre o bioma como também o senso comum criado sobre a Caatinga a empobrece. Por isso o título do livro optou por “Caatingas”, no plural, chamando a atenção para sua enorme diversidade.

— O processo que levará ao fim do Rio São Francisco não começou hoje. Basta olhar a ilustração para ver o que aconteceu em tão pouco tempo, menos de 200 anos. A imagem nos mostra um bioma surpreendente: o tamanho das árvores, a diversidade de animais, a exuberância — ressalta Siqueira. —Observamos que ocorre um efeito em cascata. Tanto que, se algo não for feito agora, de forma veemente, o impacto do aquecimento global na Caatinga, que é o local mais ameaçado pelas mudanças climáticas, será dramático.

Exclusividade do Brasil

Difundir o conhecimento gerado durante as expedições é um dos principais legados da publicação. Ainda mais porque trata-se de uma temática brasileiríssima. Aproveitando o jargão ambientalista, que chama de endêmica a espécie que só existe numa determinada região, José Alves Siqueira diz que a Caatinga e o Rio São Francisco são dois endemismos brasileiros. O bioma só ocorre no Brasil, assim como o Velho Chico, que é o único corpo hídrico de grande porte que nasce e deságua em território nacional. Além disso, entre as 1.031 espécies coletadas — a partir de 5.751 amostras —, 136 (13,2%) são restritas à Caatinga. Além disso, 25 espécies cuja ocorrência não era conhecida no Nordeste foram encontradas. Situação semelhante ocorreu com 164 plantas, nunca antes observadas na Caatinga. Mas a cereja do bolo é uma nova espécie coletada por pesquisadores, que ainda estão trabalhando com as informações obtidas em campo para publicar, até o final do ano, a descrição da planta em uma revista especializada.

PUBLICIDADE


— A espécie mais próxima desta é do Charco, na Argentina e Paraguai. Isso mostra uma relação entre Caatinga com aquele bioma, são ecossistemas incríveis — ressalta Siqueira. — Este é um dos resultados fabulosos do trabalho, mostra mais uma vez que a Caatinga não é pobre, homogênea nem o patinho feio dos biomas.

No último capítulo, “A flora das Caatingas”, assinado por 78 especialistas de 40 instituições, diversas universidades, entre elas UFRJ e USP, jardins botânicos, Embrapa e até o Museu de História Natural de Viena, detalha métodos de pesquisa e apresenta uma lista florística com as 1.031 espécies. Também é possível ver informações na internet, na página www.hvasf.univasf.edu.br/livro.

Os pesquisadores ressaltam, ainda, que ainda há muito para se descobrir sobre a flora das Caatingas. As plantas desenvolvem mecanismos de adaptação que são ignoradas pela ciência. Sendo assim, os autores do livro destacam que são necessários esforço e dedicação para que o estágio do diagnóstico da diversidade biológica seja superado pelos estudos voltados para as práticas de conservação. Nesta direção, a Univasf criou o Centro de Referência para a Restauração de Áreas Degradadas.

Recuperar a Caatinga é uma tarefa árdua, requer conhecimento científico específico. Isso reforça a importância de manter áreas nobres ainda intocadas. A equação é simples: é muito mais fácil e barato manter a floresta em pé do que tentar reflorestar uma região degradada. Por outro lado, sem o rigor acadêmico, empresas que são obrigadas a replantar em determinadas áreas acabam fazendo as escolhas erradas, como colocar grama de crescimento rápido e impacto visual, mas inadequada para o meio ambiente.

Formatar um conhecimento consolidado de como recuperar a Caatinga deverá ser um trabalho para pesquisadores durante os próximos 30 anos. Um capítulo inteiro é dedicado ao assunto: “Restauração ecológica da Caatinga: desafios e oportunidades”, assinado por Felipe Pimentel Lopes de Melo, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco; Fabiana de Arantes Basso, do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga, da Univasf; e Siqueira. Os autores expressam a urgência de melhorar a relação do homem com o meio ambiente. É fundamental superar a tensão entre a conservação dos recursos naturais com a crescente demanda por matéria-prima, como lenha, carvão, água e energia. Em geral, as soluções imediatistas e sem planejamento trazem enormes prejuízos econômicos, sociais e ambientais: os três pilares da sustentabilidade.

O livro também pode ser lido como uma exaltação ao bioma, incluindo a chamada cultura ‘caatingueira’ e a alma sertaneja, que não são deixadas de fora da edição. No segundo capítulo, (“Viajantes naturalistas no Rio São Francisco”), considerado pelo organizador do livro como o mais poético, Lorelai Brilhante Kury, especialista da Fundação Oswaldo Cruz e da Uerj, faz um resgate histórico e cultural das transformações ambientais.

As agressões ao Velho Chico são históricas. O rio serviu com via de ocupação da região. Ricos e pobres usam os recursos naturais como se fossem infinitos. Entre Petrolina e Juazeiro, casas que valem cerca de R$ 500 mil contam com equipamentos sofisticados, segurança de primeiro padrão e móveis caríssimos, mas a estrutura sanitária é arcaica, contamina o lençol freático e o rio. Lanchas e motos náuticas geram ruído e afugentam peixes. Quase não se vê reaproveitamento de água ou o uso de fontes energéticas renováveis.

— A principal contribuição do livro é chamar a atenção para a Caatinga. É o único bioma exclusivo do Brasil, porém o menos conhecido. Seu personagem mais famoso é o Rio São Francisco, que serviu de mote para o estudo de conservação da Caatinga — frisa Felipe Melo, professor de ecologia da Universidade Federal de Pernambuco e um dos pesquisadores envolvidos na coleta de informações que constam do livro.

Mais do que apontar problemas, os pesquisadores defendem a adoção de práticas sustentáveis. No final de cada capítulo, eles apresentam medidas que poderiam mitigar impactos social, ambiental e também econômico. Além disso, há preocupação com a difusão das informações geradas. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por exemplo, também recebe parte do material coletado pelos cientistas. A instituição carioca poderá montar uma estufa dedicada às plantas da Caatinga.

— É um desafio para a sociedade garantir desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Vamos fazer outra Sobradinho? Não. As cidades que ficaram debaixo d’água por causa dos represamentos do Rio São Francisco perderam histórias, vidas, sítios arqueológicos inteiros — argumenta José Alves Siqueira. — Em síntese, posso dizer que o caminho a ser seguido para viabilidade do São Francisco como modelo de desenvolvimento para outras regiões é a base científica sólida. Investir em recursos humanos, aporte de recursos financeiros para ciência, tecnologia e educação básica.

Os diagnósticos apresentados no livro, porém, têm prazo de validade. Os autores afirmam que são necessárias intervenções imediatas pra tentar mudar em escala regional o cenário de degradação. Além disso, sobram críticas em relação às discussões que envolvem o novo código florestal. O organizador do livro sustenta que já há conhecimento científico sólido em relação à necessidade mínima de 30 metros de vegetação nas margens dos rios para a proteção da qualidade da água, estabilização de encostas e prevenção a enchentes.

Dinheiro não falta. Pelo contrário. Só as obras de transposição de águas, originariamente orçadas em R$ 4,5 bilhões, deverão consumir cerca de R$ 10 bilhões. São recursos federais que prometem melhorar a qualidade de vida na região. Não é o primeiro grande investimento público da Caatinga. Porém, analisando a história, pesquisadores não encontraram relação direta entre o gasto e o bem-estar para a população.

Para quebrar a ideia de que o setor público não consegue fazer trabalhos de qualidade, os pesquisadores se esforçam para multiplicar o legado dos programas ambientais, previstos nos investimentos que mudarão o curso de parte das águas do Rio São Francisco.

PUBLICIDADE

Desde 2008, quando o dinheiro começou a ser repassado para a universidade, foram criados o Centro de Referência da Caatinga e novos laboratórios. A equipe conta com dez picapes com tração nas quatro rodas para percorrer a região durante o monitoramento da vegetação.

O trabalho de formação de alunos se volta para o bioma local. Por exemplo, havia uma dificuldade em achar veterinários que conhecessem os animais do bioma, como o veado catingueiro. Até então, grande parte dos alunos da universidade só entendia de cachorro e de gato.

— A obra (de transposição da água do Rio São Francisco) acaba nos proporcionando os meios para uma formação mais qualificada dentro da universidade. A demanda é grande, falta gente especializada para trabalhar para nossa equipe. Contratamos pessoas do Brasil inteiro — diz Siqueira. — A chave é procurar entender as especificidades do bioma Caatinga, que, muitas vezes, chega a passar dez meses na seca. Precisamos entender as adaptações da fauna e flora, assim como a cultura.

(Fonte: oGlobo.com)

terça-feira, 14 de julho de 2015

Combustível: Porto de Cabedelo poderá perder para SUAP


Um notícia preocupante para a economia paraibana ecoou no Porto de Cabedelo nesta quarta-feira (14). É que a Petrobrás resolveu transferir o aportamento dos navios de combustíveis (num total de 4 por mês) para o Porto de SUAP, Pernambuco.

A situação é tão grave que a distribuição dos produtos pelo Porto de Cabedelo pode ser extinta, a considerar que o complexo portuário já teve uma redução de 50%, conforme revela o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo na Paraíba (SINDIPETRO-PB), Omar Hamad Filho. “Até o final do ano, segundo informações da própria Petrobras, Cabedelo perderá a cabotagem para Suape, em Pernambuco, tendo como argumentos a racionalização dos custos e a centralização dos serviços”, disse.

O presidente do SINDIPETRO-PB ainda afirmou que essa medida trará duras consequências para a economia da Paraíba, principalmente para o município de Cabedelo, gerando desempregos diretos e indiretos, além de influir no aumento do combustível no Estado. 

Fonte: PbTropeiros